PAUSE 73 | Controlar o que podemos
Ansiedade climática batendo à porta. Crise constante pra manter a presença digital. E umas ideias para organizar a mente e a rotina
Ei, tudo bem por aí?
Animada pra encontrar a galera do Clube do Livro neste domingo! Nosso encontro vai ser pelo Zoom e vou mandar o link na sexta, combinado?
Hoje, continuamos com a nossa pausa pra pensar e pra criar, por aqui. Pra quem perdeu o bonde, agora PAUSE tem 3 “níveis", todos já rolando, por aqui.
(gratuito) PAUSE PRA PENSAR - o texto-inspiração, a pensata da semana.
(versão paga) PAUSE PRA CRIAR - a sessão mais útil, por assim dizer, na qual trago temas de carreira, branding pessoal e afins. Já viu as anteriores? Tão bem práticas!
(versão paga) PAUSE PRA LER - o nosso Clube do Livro e do Repertório, a Comunidade Pause.
Bora?
Se você já é assinante, de novo, MUITO obrigada, e nos vemos domingo dia 22 no Clube do Livro!
Se ainda não assina, fica o convite <3.
PAUSE PRA PENSAR
Narcisismo climático
Ela não estava bem fazia umas duas semanas. Terapia em dia, contas, idem. Mas a cabeça parecia enevoada. Toda noite, ao se deitar, ela se perguntava qual parafuso da sua vida havia desencaixado e não conseguia responder. O que estava escapando à sua visão? Nada de particularmente difícil tinha acontecido no trabalho; a esfera pessoal estava mais tranquila que de costume. Foi então que, numa conversa com amigos, percebeu que todos se sentiam “meio assim". Um desconforto coletivo comum emergiu na conversa quando um deles começou a coçar o olho sem parar. A névoa mental dela era a mesma que a de todos, do Brasil todo, aliás. Alguém verbalizou o medo nunca antes tão pungente: apocalipse climático. Era isso. Seu problema não era seu. Era, e é, nosso.
A investigação individual não aplaca tudo. Parece que teremos de nos acostumar a isso, depois de décadas nos afastando de tudo o que tange à terceira pessoa do plural. Os desafios do clima em curso nos convidam a ultrapassar o individualismo e olhar para fora a fim de entender desconfortos privados.
Não era só ela que estava sentindo o cheiro de fumaça, vendo fuligem nas ruas, tomando chuva preta. Eram todos ao redor, terapeutizados ou não, com ou sem guarda-chuva.
Tem coisas que Freud não teve como explicar.
O cheiro de um País queimando, trocando biodiversidade por soja, cimento e lágrimas, que nome podemos dar a essa neurose? Histeria coletiva é que não é. A psique de cada um que se vire para endereçar o drama do clima extremo e dos crimes ambientais recorrentes e aparentemente normalizados.
Temos chamado esse mix de novas dores de Ansiedade Climática.
Quem não tinha sentido ainda, começou a ter um gostinho (amargo) desse novo “divertidamente” nos últimos tempos. A insegurança com o futuro, a dor de ver o conhecido ruir, a sensação de fim iminente, de impunidade e impotência e mais uma porção de sentimentos de descontrole.
A Ansiedade Climática é sentida no âmbito individual, claro, e é mais premente em pessoas já vulneráveis a transtornos psíquicos. Mas, convenhamos, é um transtorno comunitário e, como tal, requer que passemos a forjar um divã coletivo. Que com ele venham ações, medidas de Estado, quebra de paradigmas, uma fagulha de esperança em prol das gerações futuras.
Pensar no “nós”, não só no “eu”. Como é que faz mesmo? Vamos ter que reaprender, e vai ser na marra, já deu para sentir.
É preciso que a gente saia do armário e tome muito cuidado com a sensação geral de mundo acabando. Essa conclusão armagedônica, precipitada, leva a dois polos perigosíssimos: o da resignação irresponsável (ah, já foi mesmo) e o do alarmismo apocalíptico (deus nos acuda). Nos dois casos, seria o equivalente a lavar as mãos no meio do fogaréu. Podemos mais, podemos diferente.
Se for para começar com o “eu”, postura bem mais confortável nos nossos tempos, talvez seja bom nomear mesmo esses novos sentimentos.
A Ansiedade Climática parece se misturar com Depressão Climática, Bipolaridade Climática, Esquizofrenia Climática… Quero dizer, com a licença desses neologismos psicológicos, que todos os nossos transtornos provavelmente vão ganhar contornos de preocupação com o planeta de agora em diante. Não é exagero, é a emergência climática batendo na porta, na nossa e na dos terapeutas.
Um susto, certamente, para quem até hoje vivia em confortável espectro de Narcisismo Climático, ou Sociopatia, ou negacionismo, ou simples despreocupação com o coletivo e sensação equivocada de não fazer parte da natureza. Para esses indivíduos, se e quando despertarem, haverá de ser tarde demais para elaborar os resultados de décadas de sanha econômica e megalomania inconsequente da humanidade.
Este novo (a)normal, das chuvas às queimadas, das inundações no Rio Grande do Sul ao pior índice de poluição do mundo em São Paulo, nos lembra da nossa pequenez, mas também revela uma oportunidade de ser grandes - maiores que os nossos umbigos. Mesmo se a SUA cidade não estiver afetada agora, territórios gigantescos do seu país estão queimados. É um só lugar, um só ar - e ele está nos fazendo “fumar” passivamente.
Não existe planeta B, já escutamos essa frase.
Entendamos nossas emoções, curemos nossas feridas agora. E, então, nos engajemos mais na causa que mais importa hoje: cuidar do planeta, regenerar o que for possível, para que possamos como espécie continuar por aqui, junto com as outras todas que dividem esse tempo/espaço conosco.
Se você não se importa com a Terra, lá, lá bem no fundo, você não se importa nem com você mesmo. Deve ter um nome clínico para isso…
PAUSE PRA CRIAR
Troque inspiração por este passo a passo
Um dia você toma a decisão de se posicionar melhor. Entende que precisa levar a sério a tal da presença digital para ampliar o alcance da sua mensagem. Isso requer, portanto, que produza conteúdo com certa frequência (antes de reclamar, volte duas casas e releia os #pausepracriar anteriores rs).
É aí muita gente empaca. Aliás, mesmo quem já produz há tempos empaca, de novo e de novo.
Uma das razões para isso, você e eu conhecemos bem: a vida atropela e não sobra tempo nem energia para criar conteúdo. Dá preguiça do universo digital. Tudo parece mais do mesmo. Ou trabalhoso demais. Vem a síndrome da tela em branco, junto com a da cabeça cheia. Uma sensação imensa de desimportância, junto com uma certa culpa por saber que precisa fazer mais por si mesmo, trabalhar-se como marca nesse cenário tão competitivo e mutante.
Não conheço outra forma de lidar com essa angústia na produção de conteúdo senão aceitar a ideia bem pouco romântica de que a inspiração não basta. A dita-cuja não obedece nosso timing, ela tem os seus caprichos. Gosta de surgir no banho, pipocar numa caminhada, invadir uma sessão de cinema, dar as caras numa conversa banal no fim de semana. A inspiração até cumpre prazos, mas com uma baita má vontade. Ela funciona melhor livremente.
Vou repetir algo que intuitivamente todos sabemos. A gente precisa sentar e trabalhar, reunir bastante repertório, lapidar ideias, se organizar. Essa é a nossa tarefa a ser cumprida com consistência para que a inspiração surja randomicamente com suas ideias brilhantes, na maioria das vezes brotando em ocasiões de descanso e distração.
Ou seja, existe o momento de se debruçar sobre o conteúdo que deseja fazer e existem todos os demais, que vão alimentar o primeiro. Trabalho e inspiração se complementam.
Não adianta jogar tudo na conta da intuição e da magia, como se elas fossem um aplicativo mental lógico e sempre disponível. As ideias geniais aparecem quando querem. Não podemos contar com elas para algo tão mundano quanto o conteúdo de uma rede social.
Por isso, hoje, quero te indicar um jeito simples de fazer a roda girar.
Vai ter criatividade e boas sacadas, claro, mas não na postura “à espera de um milagre depois de 15 dias sem postar”.
Planejamento, trabalho e um bloco de notas sempre à mão, vamos por esse caminho?
A real mágica não tem muito mistério, como mostra o passo a passo a seguir para te ajudar a melhorar a presença digital a partir de hoje… ou da semana que vem, como vou explicar.
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