PAUSE 72 | Você vai desagradar
A necessidade de dizer não para se posicionar e decidir como gente grande. A urgência de tirar a máscara de ídolos capengas. E a gente mais forte no meio dessa doideira
Ei, tudo bem por aí?
Antes dos textos “oficiais”, quero agradecer você que está aqui na PAUSE.
Tô feliz de ver que estamos conectadas do jeito certo - as coisas que quero oferecer são as que você quer agora, e tenho muitas ideias pra trocarmos ainda mais no futuro. Continuemos nessa toada!
Escreve, manda sinal, sugestão, opinião… porque a gente se falar é importante. Eu leio e considero tudo, mesmo que não consiga responder na hora quando é mensagem privada. Aliás, o NOTES aqui do Substack é uma ponte mais direta pra nós, tá?
Lembrando que agora PAUSE tem 3 “níveis", todos já rolando:
(gratuito) PAUSE PRA PENSAR - o texto-inspiração, a pensata da semana.
(versão paga) PAUSE PRA CRIAR - a sessão mais útil, por assim dizer, na qual trago temas de carreira, branding pessoal e afins.
(versão paga) PAUSE PRA LER - o nosso Clube do Livro e do Repertório, a Comunidade Pause, que inicia suas interações neste mês de setembro com encontros virtuais para leitura e debate.
Bora?
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Vamos nessa!
PAUSE PRA PENSAR
Demaquilando ídolos
A gente não conhece completamente ninguém. Mal conhecemos a nós mesmos; ou você nunca foi surpreendido pelas próprias atitudes?
Estou pensando nisso, resignada, enquanto percebo em mim mesma uma decepção dolorida com o recente caso do ex-Ministro acusado de assédio sexual. Conversei com e vi nas redes sociais uma série de pessoas entristecidas, quase que enlutadas, não só pelo que essa figura representa, mas pelo impacto do episódio nas causas relacionadas a direitos humanos.
Estou lidando com um embrulho no estômago desde que li as primeiras notícias e decidi escrever porque imaginei que possa ter batido a mesma sensação aí. Vonau nenhum é capaz de curar a ojeriza que o tópico assédio sexual causa numa mulher - e, ainda bem, em muitos homens.
Mas este não é um texto sobre o mérito, que está lá sendo apurado e amplamente coberto pela mídia. Este é um texto sobre ídolos.
De certa forma, o acirramento dos embates políticos e o desenvolvimento das mídias sociais, com seus vieses e a sua capilaridade, têm, juntos, nos levado a uma idiotia coletiva. Histeria, também. Qualquer tema vira um Fla-Flu e, ao mesmo tempo em que nos afogamos até o pescoço na lógica de torcidas organizadas, reclamamos da polarização que ajudamos a alimentar.
Tomar lado passa a ser inescapável, e, quando não tomamos, por omissão acabamos sendo colocados em alguma caixa.
Nessa cachaça coletiva, entre estar sempre certo e nos juntar com quem pensa igual, ficamos sedentos por eleger líderes para as nossas tribos. O problema é que colocamos neles mantos sagrados e erguemos altares virtuais. Basicamente, tiramos dessas lideranças a condição de humanos e os elevamos à de ídolos.
Ídolos, heróis. Não mais políticos, juízes, cantores, blogueiros.
Passamos pano para os seus defeitos porque não queremos dar munição ao inimigo. Topamos baixar a régua e adorar pessoas como se fossem infalíveis, criando justificativas para os erros que, lá no fundo, reconhecemos e condenamos. Detestamos quando o “outro lado” está feliz, quando "eles estão certos". Lamentamos profundamente cada escorregada dos nossos heróis, afinal, quando eles caem, nós e todo um sistema de crenças que nos mantêm em pé desabam junto.
Acreditamos porque queremos, desesperadamente, acreditar. Confiar em alguém. Crer em alguma coisa. Agarrar uma ponta de esperança.
Trazemos para a consciência, assim, o viés então insconsciente de confirmação - aquele que só absorve aquilo que confirma o que já pensávamos, ou sabíamos. Ignoramos, propositadamente, os indícios de que algo cheira mal. Ora, se há algo de pobre no reino da Dinamarca, talvez haja algo de podre em nós, e não estamos preparados por essa conversa.
Preferimos apodrecer a admitir que estamos errados, resignados em maquiar os ídolos atuais para não encarar a feiúra do desconhecido.
Não conseguimos ver que os reis estão nus. Nós também estamos, enganados e nus, chamando os outros de ignorantes enquanto desfilamos nossas certezas mentirosas, como na famosa peça.
Estamos, no fundo, tão perdidos e solitários que nos infantilizamos como sociedade e indivíduos. Atuamos como fantoches e assistimos ao nosso próprio teatro fingindo que acreditamos na fantasia.
Até que a cortina se fecha, ou que vemos o que se passa na coxia, e não achamos mais graça nenhuma.
A tendência humana de projetar o que deseja no outro é tão velha quando a própria História. Vivemos muitos crepúsculos de ídolos até aqui e não aprendemos nada.
Nossos companheiros, cônjuges e afins não são príncipes; nossos príncipes não são tão nobres; nossos espelhos estão quebrados. As pessoas são só pessoas, mesmo quando agem como monstros, são ainda pessoas. Ah, crianças: pessoas podem ter lados monstruosos, ainda que seus rostos limpos e sua bela retórica não entreguem o esgoto de suas atitudes.
Não há ídolos, só gente. Feia e bonita, falível e contraditória. Gente, apenas.
Dói relembrar que o Papai Noel não existe, né?
Dá uma náusea descobrir que vivemos numa espécie de Show de Truman, do pop à política.
É duro encarar que as pessoas enganam e que não vão nos salvar.
Temos que cair na real e fazer o trabalho duro, reescrever o roteiro. Menos projeção, menos idolatria; mais senso crítico e engajamento (real, muito além da rede social).
Este é o mundo dos adultos. Deixe as ilusões lá fora antes de entrar.
PAUSE PRA CRIAR
Quando dizer sim, quando dizer não
Existe a fase do “sim para tudo” e a do “não para quase tudo". Dá para tirar proveito de ambas. O drama é identificar quando estamos passando de uma para outra e mudar a atitude.
Geralmente, sou chamada para a cena nessa transição profissional. Pessoas se sentindo perdidas porque as coisas estão dando certo rápido demais ficam quase tão desnorteadas quanto as que estão no fundo do poço. Elas começam a perceber que a estratégia que as fez chegar até ali, regada a aceites e a agarrar oportunidades que pareciam imperdíveis, torna-se inviável. Exauridas, desdobram-se em mil funções e lugares porque desaprenderam a falar não. Temem desagradar, perder o que conquistaram com muito suor e ficam apavoradas com a possibilidade de decair ou perder oportunidades ainda melhores.
Acontece que não aguentam mais.
Precisam não só (re)aprender a dizer não, como principalmente desenvolver um filtro que separe o joio do trigo. Isso, quando a gente está dentro da situação, é dificílimo. Por isso, como disse, gente como eu é chamada para oferecer um olhar especializado e externo.
Não tenho como estar na sua cola para oferecer dessa perspectiva distanciada sobre seu posicionamento e entrar com o voto de Minerva sobre cada chance que aparece. Fora que a própria possibilidade de chamar um profissional da minha área não está ao alcance de todo mundo.
Por isso, decidi tentar entregar aqui umas pílulas sobre as etapas de nãos e sins, e o que elas podem fazer pela sua carreira e pela sua marca pessoal - para ser bem honesta, por todas as esferas da sua vida.
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