PAUSE 71 | Não se chame de blogueira
Um guia realista de marca pessoal para quem preferiria estar nos anos 90. Uma metáfora culinária para diminuir o ritmo. E umas refs para o nosso Clube <3
Ei, tudo bem por aí?
Antes de ir para o conteúdo em si, quero lembrar que hoje a newsletter vem com os novos recheios para assinantes.
Como contei na terça, agora PAUSE é tudo isso aqui:
(gratuito) PAUSE PRA PENSAR - o texto-inspiração, a pensata da semana.
(versão paga) PAUSE PRA CRIAR - a sessão mais útil, por assim dizer, na qual trago temas de carreira, branding pessoal e afins.
(versão paga) PAUSE PRA LER - o nosso Clube do Livro e do Repertório, a Comunidade Pause, que inicia suas interações neste mês de setembro com encontros virtuais para leitura e debate.
Combinado?
Se você já é assinante, obrigada e vamos juntas! Se ainda não é, fica o convite!
PAUSE PRA PENSAR
Receita à moda antiga
Que prato delivery nenhum pode te entregar?
Eu começo.
O PF “arroz, feijão, carne moída, abobrinha e quiabo” da minha mãe. Posso pedir esses elementos no aplicativo, mas não vão vir com o gosto do que a Ana Lúcia faz, nem cortadinho do mesmo jeito. Comida de mãe tem o componente afetivo, reconheço... Então, recorro a outro exemplo.
Não consigo pedir em lugar nenhum o espaguete do MEU jeito, al dente com molho temperadíssimo e espesso. Eu amo a minha própria massa, e quando bate o desejo dela, sou obrigada a ir para a cozinha eu mesma. Amor próprio, autoestima delirante ou talento para a cozinha? Olha, acho que é mais uma questão de curtir o processo e prever o resultado. Eu cozinho massa há muito tempo, porque adoro, e conheço meu próprio gosto, logo…
Gosto de cozinhar sem pressa, porque as etapas de fato importam para eu relaxar e o sabor do molho ser ressaltado. A água salgada fervendo. As especiarias que vou testando na hora. Aquele grudadinho no fundo da panela que é puro ouro. As coisas levam tempo para ficarem boas. Aprendi na boca do fogão que a química precisa fazer sua mágica.
Na cozinha, a gente sabe disso.
Por que nas outras esferas da vida teimamos em cortar sem padrão e pular o cozimento?
Por que estranhamos quando o “delivery” não entrega o que pedimos, sendo que muitas vezes o que queríamos nem constava no menu?
Estamos tão apressados. Impacientes. Comendo cru e queimando a língua.
Pensei nisso assistindo dia desses a “O Sabor da Vida", um bem cotado filme francês disponível na Prime Video. O ritmo do longa é o mesmo da cozinha real. Não aquela toada frenética e editada dos restaurantes retratados em séries ou realities. A nossa cozinha, a da mãe, da avó, a dos bastidores. Aquela com caldos de muitas horas, processos sequenciais, ingredientes depurando, técnicas se sobrepondo.
No longa, acompanhamos o lado menos frenético dessa arte. A dança culinária não é nenhum funk; está mais para uma valsa - ensaiada, graciosa, parcimoniosa. Quem perder o passo, que se aprume e retome o posto.
Mais sobre o filme não conto, para não estragar a experiência.
Voltando à vida, à minha mesmo, fiquei pensando em como o ritmo dessa culinária elaborada e raiz, à francesa, tem a ensinar.
Se você quer um banquete do qual se orgulhar, prepare-o. Cuide da mise en place à apresentação e terá uma experiência memorável, além de uma história boa para contar através dos sentidos. Gaste um dia inteiro preparando o que vai sumir na boca em segundos e se sentirá satisfeito com isso. Equilibre, reduza, complexifique rigorosamente para o prato parecer simples.
O prazer da missão deve ser degustado no processo, pois mora mais no caminho que no final. Quem já atingiu um grande objetivo conhece o retrogosto amargo do cheguei-lá. Uma garfada saborosa e, pronto, já se foi.
Não se pode medir o sucesso de uma refeição pela efemeridade do consumo. Mais vale o impacto que causa, a experiência gravada na memória. Mais vale ainda, teimo em dizer, todo o processo por trás de um prato.
Estou sendo óbvia, que bom. É uma metáfora evidente mesmo.
Ir para o fogão. Vez ou outra até se queimar. Anotar o deslize no caderno de receitas para não repetir o erro. Tirar tudo do ingrediente, sem desperdício. Praticar a presença em cada etapa, atentar aos detalhes e se certificar de ter um bom resultado, mesmo se for para demorar mais. Amanteigar tudo, para dar brilho, realçar o sabor.
Coisas que soam fora de moda, cafonas até. Mas são, como a cozinha francesa, atemporais, clássicas.
O amanteigar, fora da panela, seria quem sabe o equivalente do je né sais quoi, um charme intraduzível e despretensioso, um jeito autêntico e leve de levar a vida…
Tem manteiga aí? Com ou sem sal?
Na metáfora ou na literalidade, sabemos que, quando alguém gasta tempo no bastidor - se preparando, construindo - tende a ter um resultado mais sólido.
Claro que nem tudo segue essa lógica no nosso mundo, não por acaso, chamado de líquido. Existem as horas de comer Mac no delivery, por certo. E existem as horas de preparar um ensopado de 7 horas. Diferenciar os dois momentos tem sido dificílimo para a maioria das pessoas.
Mas que empobrecedor seria a viver a vida exclusivamente no modo fast food!
Se eu puder apostar o que vale o meu tempo de “chef na vida”, acho que seria com as coisas simples, brejeiras, as que normalmente nem mostro. Também valem o meu precioso tempo os projetos que mexem com o meu coração - o equivalente à massa al dente que comentei.
Nesses projetos, eu me demoro. Reviso a receita e recomeço tudo se notar algo coalhado ou com gosto de queimado. Com a mão na massa, cada vez mais aprendo a reconhecer e a me dedicar aos meus “pratos-estrela” - passíveis de aperfeiçoamento, mas sempre servidos a tempo porque o salão não pode esperar.
Você reconhece quais são os seus? Uma dica: só lá na cozinha para descobrir.
PAUSE PRA CRIAR
Miniguia de presença digital para quem detesta aparecer
Ok, então você preferiria sumir da rede social, não criar conteúdo, não aparecer no vídeo, não opinar. Somente acompanhar uns perfis para se entreter, de vez em quando aprender sobre alguma novidade e ponto. Amaria voltar aos hábitos dos anos 1990, mas sem perder as benesses do seu smartphone, sabe como é. Apenas se livrar dessa chuva de mensagens te interrompendo e fazer desaparecer a incômoda demanda por presença digital como requisito profissional.
Não queria - vamos expressar o que você está pensando no fundo do coraçãozinho - não queria se sentir obrigada a virar blogueira. Muito menos blogueira não remunerada, né? Porque às vezes a gente se sente assim: pondo a cara no vídeo, as ideias pra jogo e o conhecimento no mundo de graça, em troca de nada.
Ufa, mais leve?
Escuto essas reclamações há anos e continuarei a escutar, de clientes, parceiros, amigos e leitores, tenho certeza, por muito mais tempo.
A ideia de se posicionar nas redes sociais de forma intencional, pensada, é sedutora para uma minoria que se atrai por comunicação e às vezes por fama. Para o restante do mundo, é um ônus dos novos tempos.
Ônus inexorável, preciso informar. Mesmo se a pessoa não tiver vocação para se expor e odiar uma mídia social mais visual, como o Instagram, ou mais frenética, como o Tiktok, hora ou outra vai acabar se rendendo a alguma plataforma (talvez como esta aqui, o Substack). Por quê? Porque a pressão por presença digital vai ser cada vez mais eminente nas nossas vidas e porque, de fato, isso faz diferença no âmbito profissional.
A conversa hoje é sobre detestar a ideia de aparecer, mas encarar a realidade acima. Encarar não significa gostar, nem se render completamente a ela. É se abrir a achar seu lugar nisso tudo.
Primeiro trato: o online é inescapável; a superexposição, opcional.
Você aí, que prefere o bastidor (a cozinha, para usar a metáfora do texto anterior). Você mesmo, que não se gosta no vídeo, demora uma vida para criar conteúdo, se sente invadido, inferiorizado ou exausto em redes sociais. Que detesta polêmica, fica ansioso só de pensar no algoritmo, não tem tempo, saco nem cabeça pra postar. Você que sente tudo isso ou rejeita a “blogueiragem” como escada profissional. Você não vai mudar o mundo reclamando. Tampouco precisa se violentar para entrar na dança.
Precisa, apenas, começar a abrir a mente e a se testar.
Vou mandar a real, antes de você torcer de novo nariz.
O mercado hoje, infelizmente, valoriza profissionais mais bem posicionados digitalmente. Pessoas que elevam a sua reputação nos meios digitais conseguem mais oportunidades, financeiras ou não. Profissionais que se tornam “marcas pessoais” - nomes maiores que seus cargos - transcendem a barreira das vagas disponíveis e galgam novos postos; quiçá abrem empresas e prosperam graças ao seu posicionamento particular.
Tem muito truque no meio disso, muito mesmo. Não é deles que estou falando.
Falo daqueles que fazem jus ao termo “marca pessoal”, que conseguem a benesse de prosperar na carreira precisamente por parecerem quem são. Pessoas que “se tornam quem são” no exercício do branding pessoal, para emular a frase de Píndaro. Os que trabalham bem no bastidor sem fugir 100% do holofote e, por isso, recebem o justo reconhecimento.
Dito de outra forma. Você é bom em algo, quer ser reconhecido por isso. Está se tornando ótimo, quer que, no processo, seu “passe” suba com você. Nada de truque. Puro ajuste de contas da reputação com a realidade. É disso que se trata.
Então, você que quer o que merece e rejeita a ideia de aparecer: te convido a começar sua jornada de branding pessoal no digital por se livrar dos preconceitos. O mais elementar está nos nomes vinculados ao que se faz na rede social. Pare de pensar que vai ser blogueira, influencer, coach, conteudista, tiktoker, youtuber, coisa que o valha, só porque vai considerar se posicionar digitalmente. Focar nesses batismos (que talvez você ache inadequados para o seu calibre, te conheço) só vai servir para alimentar o seu natural desdém pelas carreiras digitais. Ninguém tem que “virar” nada. Deixe que os outros nomeiem a sua fase mais engajada se quiserem - só não embarque, jamais se desqualifique.
Banque o seu momento. Proteja-se do próprio sarcasmo. Entenda que você vai atrás de presença, quem sabe de relevância digital, por pura utilidade.
Você precisa existir digitalmente com alguma consciência porque entendeu que isso te dá mais chances profissionais, amplia o leque, ainda que indiretamente.
Aceitou o fato de que o digital está em tudo e que ninguém vai descobrir o seu talento se você não colaborar. Ah, sim, topou revelar uma pequena parte do seu potencial, a fim de colher os louros por todo o trabalho duro que deu até hoje. Você, enfim, resolveu dar uma chance ao novo.
Relegou a rabugice à condição de traço charmoso para a mesa de bar e, aleluia, decidiu testar a hipótese de que o branding pessoal pode ser a chave que está faltando na sua carreira.
Argumentos na mesa.
Agora eu tenho um passo a passo para você criar presença digital sem tanta dor nem problematização. Nada de colocar a cara agora. Você vai começar com ideias, aquelas que te dão prazer expressar. Vai no seu ritmo. O importante é que vai.
Acredite, é mil vezes melhor que nada.
O primeiro passo e o segundo vêm juntos: escolher uma rede social que seja palatável para você enquanto define um assunto de que goste para tratar.
Se você afasta com todas as forças a ideia de mostrar a cara no vídeo, vai, obviamente, deletar o projeto Tiktok. Mas pode fazer Instagram, em carrosséis e legendas caprichadas - quando faz um conteúdo nichado, as pessoas vão te ler, esqueça os gurus porque nosso lance não é número agora, é qualitativo.
Pode ainda fazer newsletter numa plataforma como esta, se arriscar num dos substitutos do X-Twitter. Quem sabe gravar um podcast, caseiro que seja. Enfim, buscar redes que priorizem formatos confortáveis para você. Tem que escolher alguma rede, evidentemente, porque estamos falando de criar relevância no digital.
O formato, a rede ajuda, mas o assunto é ainda mais importante, porque se não for algo que te atiçe a curiosidade, a chance de desistir na largada é imensa!
Veja que em nenhum momento estou dizendo que precisa expor sua vida pessoal, detalhar onde está etc. Usar elementos mais personalistas, por assim dizer, é desejável para ampliar a conexão com as pessoas. A marca pessoal em si não é o que faz, mas algo maior que isso, os significados que emula. Porém, o nosso esforço de hoje está em começar e persistir, e para isso precisamos achar um tema que 1) te interesse bastante, a ponto de você querer falar daquilo 2) possa te trazer algum benefício, mesmo que indireto (te posicionar na área que já atua, virar um plano B profissional, dar prazer etc).
Sugiro que o tema seja o mais específico possível - acredite, sempre tem alguém interessado na mesma coisa que você. Ter uma seara bem delineada é muito bacana, porque encurta o caminho de quem vai te acompanhar até você. Mas se só conseguir pensar em algo abrangente, está valendo! Com o tempo, a sua abordagem amadurece e você vai percebendo os vieses mais autênticos do que produz.
Muita gente estará falando do mesmo assunto, e daí? Muita gente vai ter mais bagagem que você, tá, e…? Fie-se menos nos outros e parta para a sua história. O seu ponto de vista, cada escolha feita, falará por você e começará por vias indiretas a apresentar traços da sua marca pessoal. Isso vale inclusive para quem só consegue pensar em conteúdos aleatórios, não relacionados à sua área de atuação. Pode se jogar e falar de um hobby, por que não? Nem que seja apenas como treino para destravar, é muito válido.
Nem doeu, tá vendo?
Terceiro passo: desapegue dos formatos que odeia.
Já apague da mente a ideia de que tem que chegar se fazendo de autoridade. Se você for autoridade, ou virar, é algo que caberá aos OUTROS te dizer. Chatice isso de ter que ensinar, se colocar como superior, pagar de guru. Nem todo mundo tem essa vibe; qual a sua?
Muita gente já chega me dizendo: “eu não quero ficar dando dica de jeito nenhum!". E quem falou que precisa? Há muitos TONS para embalar o que tem a dizer. Experimente falar do que entende para amigos a fim de descobrir uma abordagem com a sua cara. Pode ter humor, pode ser detalhada, ter muitas referências, ser mais visual, enigmática… Sem pressão, vai ajustando o jeito de se expressar com o tempo.
Se ainda não está claro, que fique agora: você não precisa ceder aos formatos batidos nem às tendências; pode produzir do seu jeito. A única consequência que vai encarar é a de não ter tanta visualização, não agradar o algoritmo, que entrega mais os temas e tipos mais quentes. Está em paz em ser visto/lido/ouvido por poucos e bons? Pois se lance no seu conteúdo do coração.
Acho mil vezes melhor apostar em posts autênticos e pouco populares do que protagonizar cenas de vergonha alheia que vão te traumatizar logo de cara. Se você não vive da audiência, pode dar de ombros para trends. Este conteúdo aqui, afinal, é para você que quer presença digital, não que vive de publicidade ou que precisa bater meta de venda.
Há uma diferença enorme na mentalidade para cada uso das mídias digitais.
Quando o objetivo é posicionamento + venda, é preciso esquentar o conteúdo e ceder a alguns padrões, sim.
Quando o objetivo é se posicionar para uma carreira não dependente daquele perfil, ótimo, podemos ousar e caminhar devagar.
Então, sendo este último o seu caso, investigue os temas e os jeitos de tratá-los que te agradem e persista (aí vamos para o próximo passo).
Quarto passo: crie a tal da consistência (não é o demônio que você pensa).
Começar a fazer conteúdo não é tão difícil, raro mesmo é continuar fazendo. E é aí que a maioria vacila.
Seu lema vai ser frequência e repetição. Uma frequência que seja possível de manter e uma repetição destemida de pautas, bordões, formatos de posts, sessões.
O objetivo é que a sua marca pessoal comece a existir digitalmente. Você já tem uma rede favorita e um tema bem fechado. “Só” precisa continuar fazendo de um jeito seu e sempre. Se o vídeo sai toda sexta, é toda sexta. Se tem texto às terças e quintas, lá vamos nós. A consistência na entrega é um dos fatores centrais do branding pessoal, porque traz a confiabilidade para a sua marca. O fator “ponta-firmeza", sabe?
A repetição também dá cola à marca. Não tenha medo de parecer chato, nunca é demais ressaltar. O público vê mil coisas em ordem randômica, não fica tão ligado no que se repetiu. E ele precisa ver mais do mesmo para te associar uma imagem, uma cor, uma palavra, um tema, uma sensação que seja a você. Persista, insista.
Quinto passo: um acordo consigo mesmo.
Porque eu sei como as coisas funcionam, quero combinar um prazo mínimo dos mínimos contigo: 3 meses antes de desistir. Fechado?
Sem esse compromisso, é alta a chance de você abandonar o barco depois de fazer meia dúzia de posts caprichadíssimos, porém flopados (que ninguém vai ter visto, provavelmente não mesmo).
“Não deu certo", você há de dizer, esquecendo que desistiu prematuramente. Dar certo, em branding pessoal, não é alcançar números nem palminhas frequentes. É simplesmente ter seus significados e mensagens bem explorados, a ponto de quem bater o olho em você (ou na sua rede social) te associar ao tema que você definiu explorar online. É ser relevante para AQUELA pessoa e não para uma multidão, passar a ideia certa, parecer confiável, ganhar relevância paulatinamente. Isso tudo, só o tempo traz.
A orientação que dou: você vai fazendo o seu e deixando a vida rolar. Continue seus posts e sua proposta, não importa se está com pouca audiência. Você está criando o seu espaço digital de branding pessoal. Quando menos esperar, ele vai dizer a que veio.
Se o desânimo bater, e geralmente bate, convém se lembrar do porquê de estar insistindo. A importância do posicionamento digital, de se treinar nisso, a possibilidade de ser encontrado, o fato de estar postando em prol da própria carreira, ou de um plano B, e não por mero ego.
Foco. Sem ele, você se perde na busca de aprovação ou entrega os pontos por preguiça e falta de hábito de produzir conteúdo.
Sexto passo: Não apareça, mas não desapareça.
Essa sequência foi pensada para quem detesta a ideia da marca pessoal posicionada no digital. Por isso, removi toda a perfumaria que adoro, de explorar imagem e sentidos, além dos aspectos pessoais que sempre defendo. Mas, se ainda assim, você estiver penando para se colocar nas redes sociais criando conteúdo, há um último aspecto que recomendo. A presença digital indireta.
É quando você usa o seu CONSUMO de conteúdo com estratégia, a favor do próprio posicionamento. Falo dos comentários que deixa nos perfis alheios, dos reposts, da interação. É muito mais sutil, claro. Ainda assim, é um tipo de posicionamento digital - e todo tipo de posicionamento (pensado, inteligente) é melhor que nada.
Você existe digitalmente mesmo quando não produz ativamente.
Não desapareça por completo, a menos que esteja num deliberado detox digital (nesse caso, tchau). Use cada presença, cada aparição, com intenção.
Você não precisa aparecer, mas também não deve desaparecer. Se faça lembrado por quem é. Receba o que merece. Saia da toca às vezes, depois volte pra ela, ela vai te esperar.
Te encontro numa rede social por aí, espero.
PAUSE PRA LER
Clube do livro: refs extras pra você!
Você deve saber que no nosso Clube do Livro estamos mergulhados “O Perigo de Estar Lúcida”, de Rosa Montero. Imagino que esteja lendo… Se ainda não, dá tempo de começar e entrar na festa!
Vamos nos encontrar no dia 22/setembro às 10h (é um domingo) para ler e discutir trechos juntas, além de enriquecer a experiência com ideias sobre criatividade, loucura (ou não) feminina e mais papos que interessam a nós, mulheres. Você vai receber o link por aqui pertinho da data, tá?
Mas hoje… hoje eu queria dar umas referências extras que de alguma forma se relacionam aos temas do livro do mês. Nada obrigatório, claro. São coisas que posso citar no nosso date, então achei de bom tom fazer uma lista.
Vamos?
Umas referências lúcidas - ou nem tanto
Livro “Sobre a Escrita", de Stephen King. Dos livros que falam do ofício de escritor, para mim, este é o mais rico e gostoso de ler. É premiadíssimo, portanto, não estou sozinha nessa visão. A gente entra na mente criativa do gênio do terror, enquanto o próprio se apresenta sem amarras, tratando do fantasma da bebida, e do seu amadurecimento na criação de uma rotina de escrita e consolidação de um estilo.
Livro “A Redoma de Vidro", de Silvia Plath. Um clássico da autora que é citadíssima no livro de Rosa Montero. Para quem não conhece nada de Silvia, fica a menção: essa é sua obra mais importante.
Filme “Não Se Preocupe, Querida” (foto). É bem verdade que o filme tem lá seus defeitos, a começar pela atuação fraca do protagonista Harry Styles. Mas o enredo prende ao retratar a vida de uma esposa perfeita que começa a desconfiar que as coisas não estão tão em ordem como deveriam. O final é de dar frio na espinha, e mergulha direto na temática da suposta loucura feminina versus seu uso pelo patriarcado.
Filme “A Esposa”. Numa atuação inesquecível de Glenn Close, esse filme retrata a dor de uma escritora jamais reconhecida. Ela tem a carreira - mais, a vida - surrupiada pelo companheiro. A dor aparece a maior parte das vezes nas sutilezas, num retrato bem-feito do apagamento do talento feminino ao longo da história.
Filme “Grandes Olhos”. A temática do homem que rouba a autoria da mulher volta nessa história real. Acompanhamos a saga da pintora Margaret Keane (Amy Adams), uma rentável artista dos anos 1950, com seus desenhos de olhos agigantados, contra o marido, também pintor.
Filme “As Horas”. Já clássico, acompanha três mulheres em períodos diferentes, todas de alguma forma ligadas ao livro “Mrs. Dalloway”. A própria autora, Virginia Woolf, é uma das retratadas nos anos 1920, enquanto lida com uma crise de depressão e a constante ideia de suicídio. Tudo a ver com o nosso tema do mês.
Série “I May Destroy You". Um primor de roteiro e fotografia, trata do pesado tema da violência sexual, entre vários dos nossos tempos. A protagonista é escritora, e seu processo vai se desenrolando junto com a cura do trauma, ou pelo menos uma busca de redenção.
Menção extra: “Hilda Hist Pede Contato", um documentário brasileiro a que assisti faz tempo e acho que agregaria ao tema, mas infelizmente não achei disponível em lugar nenhum. Quis mencionar, porém, porque Hilda é uma autora nacional importante e por vezes incompreendida que certamente figuraria no livro de Rosa, se a espanhola a conhecesse. Hilda abordou o seu medo da loucura em algumas obras - seu pai sofria de esquizofrenia.
Compartilha no Notes ou no Insta me marcando se tiver mais refs. Nossa turma de lúcidas - ou nem tanto - agradece :-)
Pause é…
Esta newsletter tem um ano e meio e se reafirmou recentemente como um local de textos e referências para pensar novos moldes de vida e de carreira. Ganhou o nome PAUSE para lembrar que às vezes é preciso pausar para continuar em movimento - seja descansando, repensando a vida, lendo, revendo conceitos, mudando a direção…
Estudo comportamento, branding pessoal, moldes de carreira, tendências e uso abundância de referências desde sempre. Isso está aqui. Depois do burnout que tive dois anos atrás, passei a olhar ainda mais criticamente para os temas que sempre estudei, e agreguei mais saúde mental, bem-estar e “relax” para o combo. Então isso também paira nas nossas conversas.
O resultado é esta newsletter, que passou a ter versão de assinatura paga (R$35 por mês), com conteúdos novos e exclusivos.
Recordando o que temos aqui:
Clube do Livro e do Repertório, com encontros virtuais para assinantes
Insights e ideias de branding pessoal, carreira e outros temas quentes para assinantes, com exclusividade
Eventuais descontos em projetos especiais
Claro, o texto mais lúdico da newsletter semanal, que continua gratuito
Eu, o que faço e o meu Pause
Oi, eu sou a @brufioreti 🙂.
Jornalista. Especialista em branding pessoal e transição de carreira. Defensora do repertório amplo e do combo ler/escrever para viver melhor. Generalista por natureza, interessada em comportamento, neurociência, emoções, arte, feminismo, moda e tendências.
Tenho 20 anos de jornalismo como editora em grandes redações, cobrindo principalmente Cultura, Comportamento, Moda e Beleza: os lugares que mais me marcaram foram a Revista Glamour, onde fui redatora-chefe por 5 anos, e o Estadão e seu extinto primo paulistano Jornal da Tarde, nos quais passei 6 anos.
Sou das Humanas, mas trago números para me apresentar, veja você.
Tenho quase 42 anos de vida, 18 anos vivendo em São Paulo, 8 anos de empreendedorismo, 6 planetas no mapa em Libra, 2 casamentos, 2 gatos, zero filho.
Dezenas de cursos ministrados por mim, chuto pelo menos uns 15 como aluna entre pós e extensões. No mínimo 8 mil alunos e mentorados até aqui, palestras que não consigo mais contar.
Uns 5 projetos iniciados e não terminados, livro sendo escrito. Muitos porres nesta vida, poucos palpites sobre outras.
Um burnout pra conta e um sem-número de ideias pra dividir <3.
Nesta newsletter, tento sempre voltar à estaca zero e me lembrar do que realmente importa. Aciono o botão PAUSE e venho compartilhar sem pressa nem algoritmo coisas que me ocorrem gerundiando: vivendo, mentorando, botecando, estudando, ensinando.
Trago leituras, práticas e Clube do Livro para quem quer pensar novos moldes de vida e de carreira e sabe que pausar é o único jeito de continuar em movimento.
Ah, essa lição, aprendi com muita força depois de passar por um burnout e faço questão de levar adiante.
obs. para saber mais dos meus trabalhos para além desta seara, em palestras e cursos, acesse brufioreti.com.br
obs2. para assinar a newsletter, é só colocar o seu email abaixo. Você também pode já garantir a sua assinatura paga, com os benefícios descritos antes.
Conseguiu me fazer voltar a pensar em presença digital… amei a reflexão e o passo a passo. Vou maturar. O processo aqui é lento…
Melhor reflexão sobre presença digital que li!!! Obrigada Bru !