Se a ressaca permitir, eu espero do fundo do coração que você leia a newsletter de hoje, porque ela foi feita numa arroubo, um daqueles arroubos bons que aparecem quando a gente lembra o que ama e por que ama.
Espero te ajudar a pensar um pouco nos seus sonhos hoje e a sair com um olhar encantado por aí…
No mais, bom carnaval, bom fim de carnaval e boa semana ;-)
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Descarrego #8 | Sua dose de pirlimpimpim
Onde mora a magia?
Foi o que saí da sessão de cinema me perguntando, enquanto observava se o entorno tinha a resposta.
Só dois quarteirões caminhando até em casa, mas a chuva era daquelas que molham, molham mesmo, e havia um correnteza de gente embriagada nas duas direções. Devia ser umas 18h30, eu tinha assistido ao "Os Fabelmans", o filme do Spielberg que está concorrendo ao Oscar, e ainda ostentava aquele sorrisinho bobo no rosto por causa da última cena.
Caçava um pouco daquela magia.
Estaria nos foliões em estado de fadiga feliz no fim do domingo?
Um trio de meninas bêbadas, vestindo biquínis e kimonos coloridos, atravessava na contramão atrapalhando o tráfego e rindo de si mesmas, seguras, donas de si em seus trajes diminutos como seria inimaginável numa rua do bairro há, sei lá, dez anos. Sorri.
Ou a magia estaria na própria sessão lotada de cabeças brancas da qual eu saíra - aliás, uma diferença notável entre o público da minha idade e o 30 anos mais velho! Eles gargalham das miudezas sobre as quais a gente nem chega a esboçar riso! Outro humor ou será que apenas se entregam mais, se permitem achar graça daquilo que o cinismo prepotente apaga nas pessoas de 20, 30, 40?
A magia, fui pensando, estava em tudo aquilo, está em tudo, desde que se tenha sentidos para sentir e memória para bem-bolar os fatos registrados com algum sentimento que os faça dignos de um carimbo mental.
A magia está em tudo, desde que se tenha sentidos para sentir e memória para bem-bolar os fatos registrados com algum sentimento que os faça dignos de um carimbo mental
Saí tão imbuída de sonho do cinema que vi tudo como se estivesse com a câmera na mão.
Já experimentou estar numa festa só para fotografar ou filmar? Pois tente! Seu olhar se apura, você busca ângulos favorecedores nos outros e enquadra as cenas cuidadosamente, de forma a captar a luz ideal, o instante perfeito. Você se permite brincar e usufrui do poder de escolha que a lente confere: o que eternizar está a um clique.
Ao mesmo tempo, te dá a chance de ser um espectador atento e generoso, como raramente nos permitimos na vida.
Voltando ao cinema…
Saí da sala com esse exercício involuntário, filmando mentalmente a magia de me sentir bem sozinha por algumas horas num cinema de rua, enquanto uma multidão se agitava numa toada totalmente diferente - igualmente mágica.
Frenesi para ela; fábula para mim que não estou para frenesis nesse fevereiro. Não por esses dias.
Lembrei da lógica dos saltos, conhece? A gente se toca de que aprendeu alguma coisa em saltos, como num passe de mágica.
Assim: você treina um esporte, estuda uma língua, faz ovo pochê dezenas de vezes até que um dia, bum!, percebe que simplesmente sabe aquilo, ficou natural! Masterizou, como sempre ensinei minhas alunas.
É uma das magias humanas, essa do aprendizado.
Superar uma fase ruim é mais ou menos assim. Quando se toca, a agonia que espreme o peito passou e se tornou uma lembrança alocada uma camada abaixo, suportável. Sabemos disso, embora nos esqueçamos no auge da agonia.
Outra coisa que vem em salto é a intenção de acreditar nos sonhos, de escolher ser otimista, esperançar. Um dia você olha para o que há de belo, uma besteira qualquer, e recobra a vontade de conquistar uma vida melhor!
Reclamar da vida, criticar e escolher o cinismo entram na categoria hábito-chiclete, aquele que é incrivelmente fácil de colar na mente e muito difícil de tirar sem deixar resquício. Mas é chiclete, não superbonder. Dá, eu garanto, para ir removendo a mania de maldizer num esforço consciente de buscar o melhor.
Trocar o chiclete da rabugice pelo pensamento feliz, aquele com um pouco de glitter, igualmente difícil de remover. Que tal?
Sabe, trocar a rabugice por jogar um glitter na vida, igualmente difícil de remover, mas sempre capaz de arrancar um sorriso quando visto (para usar uma metáfora carnavalesca).
Sonhar e escolher o viés positivo são as purpurinas e os paetês que vestimos para celebrar dias felizes, ou clamar por eles. São intencionais, mas não mentirosos. Verdade com pó de pirlimpimpim também é verdade, só que mais palatável e bonita.
Verdade com pó de pirlimpimpim também é verdade, só que mais palatável e bonita
O salto vem quando o pirlimpimpim usado todo dia passa a brilhar tanto que te transporta para um lugar mental mais interessante, a ponto de diluir a ruminação-chiclete. É quando a gente descobre que a magia está ao alcance de um olhar, de um pensamento…
No fundo, sabemos que a magia está na lente que escolhemos usar para ver a vida, onde focamos, os efeitos que tentamos colocar, as edições que vamos fazendo no caminho. Fora a pós-produção do fim de dia, quando decantamos tudo o que foi "gravado" e damos àquele "filme" um enredo que faça mais sentido e, quem sabe, seja mais feliz - é bem aqui que jogamos um pouco do pirlimpimpim ;-).
Cada dia, porém, é uma obra aberta, o que dá insegurança.
No entanto, não devia dar muito mais insegurança enterrar os sonhos numa vala funda?
Abandonar os desejos de criança, os talentos que poderíamos ter lapidado?
Deixar uma paixão para trás?
Desistir porque nos desencorajaram?
Uma certa teimosia juvenil é amiga do projeto de ser quem a gente quer, ou deveria ser.
E não estou nem de longe falando de grandes feitos, dinheiro, poder. Falo dos desejos que fazem nossos olhos brilharem como na infância. Do que não tem dinheiro que pague - mas se pagar, pode vir, que não estamos negando.
Falo de sonhos que só soam impossíveis porque nos amarguramos e paramos de olhar para cima e para os lados. Sonhos que deixamos de sonhar para fincar os pés no chão, numa oposição dicotômica entre caminhar e flutuar que ignora o delicioso saltitar.
Deixamos de sonhar para fincar os pés no chão, numa oposição dicotômica entre caminhar e flutuar que ignora o delicioso saltitar. Saltitar é o oposto de desistir de quem somos. Isso seria definhar em conta gotas
Saltitar é o oposto de desistir de quem somos. Isso seria definhar em conta gotas…
O mais triste, ou feliz, é que a gente costuma ter um belíssimo palpite do que nos faria bem. Pensa aí…
Talvez cada dia seja uma chamada para parar de procurar a magia em um cometa rasgando o céu e começar a procurá-la em um trio de garotas tomando chuva e te fazendo pensar sobre a vida.
Eu sei. Nem todo dia dá vontade de se glitterizar e às vezes parece que a sorte está fugidia, escapando a cada esquina em vez de cruzar conosco trazendo boas novas, pessoas encantadoras e oportunidades brilhantes. Isso não quer dizer que ela não esteja lá.
De repente, só não estava no quadro... De repente, amanhã você flagra a bendita preparando um espetáculo para você.
Só não se esquece de procurar.
Não é que a magia sumiu. De repente, ela só não estava no quadro. Não se esquece de continuar procurando, filmando sem tanta pressa…
Uma câmera na mão, uma ideia na cabeça e você filmando sem tanta pressa. O resto, deixa com a magia.
Ela acha a gente numa tarde chuvosa de domingo ou numa terça como essa. Ela mora bem aqui. Bem aí. Enquadra bem, ela existe.
Quer ouvir esse texto?
Clica a seguir para ouvir a versão desse texto narrada por mim.
Magia no Repertório
UM FILME
Você já sabe que eu gostei de “Os Fabelmans”, mas não foi de cara. Precisei dar a chance para, uns 15, 20 minutos depois ser fisgada de verdade pela trama. A história é uma declaração de amor ao cinema e à família, como o próprio diretor declarou, e entrega tudo isso com beleza visual, momentos divertidos e camadas de reflexão. É leve sem ser bobo e conversa com gente de qualquer idade. Faz sonhar e merece a tela grande - não é isso uma coisas mais lindas do cinema?
UM LIVRO
“O Futuro é Ancestral”, de Ailton Krenak, é daqueles livros que você certamente termina em menos de uma hora, mas te acompanha depois porque desafia justamente o nosso olhar para o mundo. O autor vai delineando uma nova maneira de encarar a natureza, enquanto escancara a pobreza dos nossos hábitos de homem “civilizado”. Tem muita magia, muita beleza na maneira como nos ensina a tratar árvores, rios, povos. No momento em que estamos numa crise climática gigantesca, encarando o terror do povo Yanomami, é urgente tentar enxergar o mundo com uma nova ótica. O simples é muito complexo para a gente, não menospreze. Leia. E releia.
UM ROTEIRO
Vou te indicar um roteirinho solo: a recomendação aqui é que você entre na onda #bemsozinha para exercitar o olhar de filmaker que mencionei no texto, aquele que nos faz pensar na magia das coisas e, quem sabe, resgatar nossos sonhos. Minha sugestão é no centro, onde morei um tempo. Almoço no Cuia, no Copan, restaurante que fica junto com a gostosíssima Livraria MegaFauna, e fica no que provavelmente é o prédio mais icônico de SP. Perto do Copan, tem Cineclube Cortina, com cinema, shows e também barzinho, vale espiar a programação. Um pulo na exposição Vinicius de Moraes, que está no Farol Santander, e que nos faz entrar no universo do poetinha, deleite para amante das letras. Happy hour ou mais um gole? Sugiro o Moela e sua cerveja gelada com clima “cabe ir de chinelo” e senta só numa mesinha alta, na Santa Cecília, ou o Cora, que tem uns drinks muito bons, comidinhas deliciosas e clima descolado. Se for no fim de semana, é bem ali o point das caminhadas, o Minhocão - você, um coco, um fone e murais lindos! Só não marca bobeira com celular na mão. É magia, mas é SP :-).
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Reticências
“Se o amor é fantasia, eu me encontro ultimamente em plano carnaval” Toquinho
Quer hablar de jobs?
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Eu e o que escrevo
Textos, indicações de repertório e erros são culpa minha mesmo, @brufioreti 🙂
Sou jornalista, especialista em branding pessoal e carreira multipotencial, tenho pós em Mkt Político, cursei coisas variadas, tipo Feminismo Pós-colonial, Neurociência, Psicologia da Popularidade e Positiva, Business Coaching e por aí vai. Trabalhei em grandes veículos de imprensa por mais de 17 anos até começar a ensinar e mentorar mulheres na seara da marca pessoal no digital e no trabalho. Adoro autodidatismo e defendo cruzar repertórios pra nos destacar e abraçar nossos "desencaixes" nesse mundo cheio de gente enquadrada. Ensino isso na prática no projeto Desencaixa, uma escola que mescla formatos e disciplinas com um TMJ constante! Pra dividir com mais gente a minha escrita e os meus desencaixes, faço esse Descarrego semanal! E no insta, mostro outros lados meus também, porque a gente é muito mais que o que pensa, trabalha ou diz. É o que sente e faz sentir 😉
Essa newsletter sai toda terça com um mix de texto lúdico e curadoria de repertório pra gente se soltar nas ideias e refs. Compartilhar faz MUITA diferença, então é só usar o botãozinho aqui:
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