A gente precisa se ouvir mais.
Os conselhos que dá, as ideias que elabora, os posts motivacionais que faz, os textos cheios de vaivém que escreve num diário ou numa newsletetter, como faço aqui.
Escrevi 50 deles para agora parar e constatar que eram o que eu precisava ler e, portanto, escrevi à minha maneira.
Eu me aceito, ou tento me aceitar, numa luta interna, profunda, que não transparece na minha imagem nem nos diálogos frugais.
Eu sou paradoxal, tenho contradições irreconciliáveis que com o tempo passaram a me divertir.
Eu sou meu principal incentivador para ter a coragem de continuar, mesmo quando a vida dói e as suas injustiças me atingem no peito.
Eu mereço ser feliz, apesar de o mundo ter tanta infelicidade.
Mas eu não tenho a menor obrigação de ser feliz o tempo todo, como reza a cartilha neoliberal, porque sou um indivíduo mas também parte de uma comunidade chamada Terra, e os traumas dela ressoam em mim, mesmo que me entorpeça para esquecer.
Eu encorajo porque me é natural encorajar. Provavelmente num mecanismo de autoencorajamento que desenvolvi ainda pequena para lidar com as frustrações que uma criança e uma adolescente sensível além da conta lidam.
Desenvolvi uma carcaça espinhosa e fui deixando de vesti-la tão frequentemente.
Entendi que era melhor ter uma capa, com a qual eu poderia me proteger e também voar, dupla função.
E, com essa capa, que já foi remendada uma porção de vezes, venho aqui hoje dizer que nem 50 textos mesclando realismo bruto e esperança podem exprimir as necessidades de alguém de ser amado, abraçado, acolhido, "ninado", acompanhado, ouvido, encorajado - mais uma vez essa palavra.
Morde-assopra
Se eu tenho uma missão, provavelmente tem a ver com comunicar tudo o que incessantemente aprendo para, no fim das contas, levar informação e alento, quase sempre nessa ordem, a quem, como eu, precisa disso.
Muitos me dizem que sou do "morde-assopra", porque dou aquele cutucão, conto verdades inconvenientes, para então dar palavras de carinho e apontar caminhos.
Aliás, direcionar, nem que seja de forma ampla, é algo importantíssimo para mim. Sei muito bem que pessoas enredadas em seus pensamentos, deprimidas ou coisa que o valha, não conseguem enxergar soluções.
E lá vou eu tentar apontar algumas, limpando lentes como já fiz presencialmente inúmeras vezes desde criança para tanta gente.
A diferença é que agora tenho uma porção de formações concluídas ou não, livros lidos e estudados a fundo, casos trabalhados de perto e tantas outras experiências que me permitem nomear sentimentos e dores e destilar técnicas comprovadas ou experimentais, separando cada uma pelo que é.
Continuo estudando a psique e a realidade, ambos, muito mais do que conto para fazer essa seleção para mim e para os outros.
Capas e poros
Então, isso aqui não é o texto 50 de uma newsletter que batizei de Descarrego por ser exatamente isso.
São 50 descarregos de uma mulher de 41 anos que passou a vida procurando embasamento para aconselhar a si mesma e aos demais ao vivo ou por escrito e que resolveu nomear o que fazia e endereçar a quem precisasse também descarregar alguma coisa.
Escrevo para mim e para você, não com a pretensão de resolver qualquer coisa, mas com a certeza de que elaborar as ideias é melhor que deixá-las num novelo mental que vai se infectando e enrijecendo com o tempo.
Descarregar pensamentos e se desnudar da capa espinhosa cria uma porosidade que alguns de nós temos medo de deixar aflorar. Porém, se não for por esses poros, por onde as coisas boas hão de entrar?
Se ficar com medo, é só pegar a capa e cobrir um pouco para assim poder filtrar.
Estou aqui treinando, estudando e escrevendo para entender junto com você a hora de expor os poros e colocar as capas.
Um abraço
Obrigada a quem vem lendo esses textos, pensando e esperançando na medida possível comigo.
Isso é um tipo de abraço, do tipo que não parece mas muda o dia da gente.
Espero que mude um pouquinho o seu.
Eu e o que escrevo
Textos, indicações e erros são culpa minha mesmo, @brufioreti 🙂
Sou jornalista, fissurada por ler e escrever desde pequeninha. Trabalho hoje com branding pessoal e posicionamento digital com foco na carreira, além de dar palestras, treinamentos e cursos para empresas.
Tenho pós-graduação em Mkt Político, cursei coisas variadas, tipo Feminismo Pós-colonial, Neurociência, Psicologia da Popularidade e Positiva, Business Coaching e por aí vai.
Trabalhei em grandes veículos de imprensa por 17 anos até começar a ensinar e mentorar mulheres na seara da marca pessoal no digital e no trabalho. Adoro autodidatismo e defendo cruzar repertórios pra nos destacar e abraçar nossos "desencaixes" nesse mundo cheio de gente enquadrada. Ensino isso prática em palestras, treinamentos em empresas, colaborações e cursos.
Pra dividir com mais gente a minha escrita e as minhas ideias, faço esse Descarrego semanal, que traz reflexões e desabafos sobre questões contemporâneas que nos afligem ou acolhem.
No insta, mostro outros lados meus também, porque a gente é muito mais que o que pensa, trabalha ou diz. É o que sente e faz sentir 😉
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Esse texto bateu aqui e gostei muito! Obrigada!