Parece que faz tanto tempo que estou com você com a Descarrego, mas é só a terceira edição, gente! Que vibe boa tem isso aqui pra mim, espero que bata assim aí também :-)
Hoje, convido você e sua aura para entrarem juntas num clima "até que nem tanto esotérico assim", já que essa news fala desse conceito subjetivo e interessante, a AURA, que ganha um significado prático da maneira como proponho.
Vem entender.
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Descarrego #3 | Aura pé no chão
"Você tinha perdido o brilho."
Já ouviu essa frase?
Bom, eu sim, uma porção de vezes nos últimos tempos, em contraponto ao tal "brilho" recobrado depois de passar por um misto amargo de depressão, burn out, separação, mudança de casa, rupturas em série no ano passado. Além de residir no Brasil, claro.
Quando emergi desse poço, estava opaca ainda.
Eu sentia isso, fazia um esforço hercúleo para me manter em pé - literalmente. Faltava-me chão, teto, norte.
Mas, numa toada constante e crescente, percebia que semana a semana ia retornando a mim o chamado élan vital (um conceito que adoro e quer dizer algo como a força que nos impulsiona a viver, ir além, energiza).
Em resumo, eu ia voltando em soluços. Ou em saltos.
Fui sentindo e vendo isso. As pessoas também.
Eis o que quero trazer hoje: os nossos sinais são tagarelas, falam pelos cotovelos, nos revelam sem filtro.
Os nossos sinais são tagarelas, falam pelos cotovelos, nos revelam sem filtro
Considere minhas pálpebras, por exemplo, e sua vida própria.
Quando espio as fotos do período sem brilho, elas estão caídas e frágeis, à forma e semelhança do meu coração. A tristeza era visível mesmo quando gargalhava! E elas, as pálpebras, foram se reerguendo junto comigo, dando espaço para a vida no olhar reaparecer.
Todo mundo que me encontrava intuía minha melhora só de bater o olho, se aproximar.
Não tem maquiagem, roupa de grife, tulipa de cerveja que dê jeito quando se esvai o je ne sais quoi, quando o não-sei-quê que faz com que inspiremos algo especial nas pessoas à nossa volta se enfraquece.
Gosto de pensar nisso como uma aura a ser cultivada.
Um campo energético. Um conjunto de sinais e sensações, cores, gostos, cheiros e sons. Um círculo semitransparente de matéria indefinida que protege nosso "eu" enquanto emana uma vibração singular.
Real ou esotérica ou tudo isso e mais um pouco.
Significativa sempre.
A aura, nessa acepção, bebe na nossa história e sorve cada vivência para devolver ao mundo a soma peculiar de emoções que nos caracteriza. Essa soma é complexa e provavelmente por isso tão bela. É única e variável. Difícil de explicar, mas incrivelmente fácil de sentir.
A aura é difícil de explicar, mas incrivelmente fácil de sentir
Voltando ao exemplo do início, a minha aura estava particularmente turva uns meses atrás. Mandava sinais difusos, melancólicos, enfraquecidos. Um dégradé de dúvidas e decepções em contraponto a uma vontade vibrante e pigmentada de ser feliz.
Confusa, portanto, pedia socorro junto comigo, a pobrezinha da aura.
Talvez você já tenha se sentido assim e vibrado parecido. Talvez esteja agora nessa energia, não há vergonha em admitir, por isso gosto de falar abertamente sobre as fases menos solares da minha vida.
A aura que mais ilumina quase sempre conhece a sombra na intimidade.
A aura que mais ilumina quase sempre conhece a sombra na intimidade.
É nessa dicotomia e suas linhas tênues e falhadas que reside a peculiaridade de cada uma.
Algo que nos desencaixa dos padrões e dos certos e errados rígidos, que nos descola dos feios e bonitos simplificadores. Muitas vezes, esse aparente desencaixe com certos aspectos do mundo exterior nos encaixa com a gente mesma. E liberta.
Aí que a aura brilha e manda seus sinais mais exuberantes, em abundância!
Por mais intangível que possa soar isso tudo, prometo que tem os pés no chão.
Gosto de pensar no branding pessoal como o cultivar diário dessa aura, isso que sentimos e sabemos, mas nem sempre conseguimos verbalizar.
A prática consiste em descobrir, desembaralhar e moldar os elementos sutis que nos cercam e nos fazem ter nuances únicas. Em abraçar a existência da nossa aura e suas vicissitudes.
O branding pessoal também consiste em descobrir, desembaralhar e moldar os elementos sutis que nos cercam e nos fazem ter nuances única. Em abraçar a existência da nossa aura e suas vicissitudes
O interessante é que essa consciência nos permite fazer escolhas. A aura como estou propondo é emoção e sensação - ambas passíveis de um saudável "gerenciamento", por assim dizer.
Não podemos nem devemos barrar as emoções. Mas podemos ter ciência delas, de seus gatilhos e escolher que caminhos trilharão até virarem sentimentos e ações.
Podemos provocar boas sensações em nós mesmas e, consequentemente, optar por fomentar isso nos outros também.
Deixar essa marca positiva nos demais, de forma sutil porém deliberada, é a gestão da nossa marca pessoal feita da forma mais bonita e efetiva. Porque emoção positiva é aquele elixir viciante, que todos buscamos no dia a dia muitas vezes sem raciocinar.
Se você percebe, se capta o que estou dizendo, você entendeu a aura e o branding pessoal. Você se entendeu melhor e entendeu um pouco do que "pega" no outro.
Cada sinalzinho que der pode agora ir se unindo para criar um leque de sensações que, tal qual um pavão, passará a te adornar, embelezar, destacar... Só convém estar ciente de que às vezes pode assustar, provocar curiosidade, medo, inveja.
Quem fica neutro diante de um pavão, não é mesmo? Somos todas pavões em potencial, por que ocultar tanto as belas penas?
A aura bem trabalhada pavoneia à sua maneira.
Ninguém fica neutro diante de um pavão. Mas por que o medo? Por que se ocultar? A aura bem trabalhada pavoneia à sua maneira e é sua versão mais natural, zero forçada
É colorida, hipnotizante e, para a surpresa de muitos, é você em sua versão natural, zero forçada. Nada mais natural que a gente se desencolher e deixar de lado as gaiolas que não nos interessam para caminhar livres, despidas das "roupas" que não servem mais...
Você tem uma aura; quem entra em contato com você sente.
Como ela está? Que sinais ela espalha; que sinais ela clama por espalhar?
Deixe que sintam, que vejam, que falem... e até que desgostem. Deixe emanar, deixe estar.
Você tem uma aura, e os outros já sabem. Agora deixe que sintam, que vejam, que falem... e até que desgostem. Deixe emanar, deixe estar.
Sua aura está pronta para brilhar. Seu trabalho é permitir que ela se abra e aflore.
Ela é bonita, pode acreditar.
Quer ouvir esse texto?
Clica a seguir para ouvir a versão dele narrada por mim e sentir sua aura melhor…
A aura no Repertório
UM FILME
Quando uma obra audiovisual capricha nos elementos não verbais, nas metáforas, nos não ditos ela só pode instigar algo mais profundo em nós. O festejado filme Carvão, a que assisti no Cinema Belas Artes, em SP, tem tudo isso e traz uma aura que… só vendo e sentindo mesmo. As figuratividade bíblica aparece o tempo todo, nem sempre de forma explícita, para denunciar a solidão de cada personagem e seus segredos. Uma ode à hipocrisia que queima, sufoca e vale cada segundo do seu tempo diante da tela.
UMA MÚSICA (OU VÁRIAS)
Deixei o projeto de cursos para outro momento, mas a trilha que me acompanhou enquanto criava era tão gostosa que achei que valia dividir. A playlist Desencaixa revela muito da minha aura enquanto preparava esse projeto. Tem a energia de se desencaixar, se desamarrar, se libertar mesmo. Mistura-se com um lance bem nacional, gostoso de ouvir e profundo nas letras… Esse mix carrega uma vibe subversiva-festiva das desencaixadas unidas - ah, eu amo! Me conta se sentiu isso...
UM LIVRO
Leia. Leia Ponciá Vicêncio, obra aclamada da autora Conceição Evaristo, que tem um aura única e faz sentir a personagem como se a gente estivesse ali ao seu lado dela, confusa enquanto percorre as memórias tomadas até o último fio de cabelo pelo avô. Além do reconhecimento humano e da sensibilidade da narrativa, toca e faz refletir graças ao fundo de opressão e racismo. Uma aura de profundas camadas. O livro foi lançado em 2003, mas é atemporal.
UM LUGAR
Alguns lugares afloram quando falamos em energia, né? Para mim, Trindade (SP) é um desses recantos da natureza que renovam a aura, agora bem esotericamente falando rs. Fui pra lá há poucos meses ainda meio que na fase “sem brilho”, que relatei antes, e voltei outra. Ajudou ter ido muitíssimo bem acompanhada do meu grande amigo (e guia-gratuito, e professor doutor expert em sexualidade que ensina a cada gole rs), Marcelo Hailer… E rir à toa, tomar meus drinks e buscar praias e cachoeiras ao redor. Até trilha essa atriz fez! Dê seu pulinho lá assim que acalmar a temporada, e se pah me chama ;-).
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Reticências
"Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa.
Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.”
Ricardo Reis (Fernando Pessoa)
***
"Que dias há que na alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde;
Vem não sei como; e dói não sei porquê."
Luís Vaz de Camões
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Eu e o que escrevo
Textos, indicações de repertório e erros são culpa minha mesmo, @brufioreti 🙂
Sou jornalista, especialista em branding pessoal e carreira multipotencial, tenho pós em Mkt Político, cursei coisas variadas, tipo Feminismo Pós-colonial, Neurociência, Psicologia da Popularidade e Positiva, Business Coaching e por aí vai. Trabalhei em grandes veículos de imprensa por mais de 17 anos até começar a ensinar e mentorar mulheres na seara da marca pessoal no digital e no trabalho. Adoro autodidatismo e defendo cruzar repertórios pra nos destacar e abraçar nossos "desencaixes" nesse mundo cheio de gente enquadrada. Pra dividir com mais gente a minha escrita e os meus desencaixes, faço esse Descarrego semanal! E no insta, mostro outros lados meus também, porque a gente é muito mais que o que pensa, trabalha ou diz. É o que sente e faz sentir 😉
Essa newsletter sai toda terça com um mix de texto lúdico e curadoria de repertório pra gente se soltar nas ideias e refs. Se não assina ainda, tá aqui seu link:
Nossa!!! Enquanto eu lia esse texto no email te ouvia, mesmo sem ouvir! Eis que ao final um 'clica aqui pra ouvir esse texto'... só fechei os olhos! Putz, tenho nem palavras! Só senti! Cara, obrigada por compartilhar tanto🌻
Gosto de te ouvir, seu gestual, sem tom de voz, mas quando leio o que vc escreve, parece que vc está falando para o meu coração. Gratidão, que Deus te abençoe