Oi, hoje sem mais delongas te conduzo para uma reflexão daquelas inescapáveis: as pessoas mudam, nós mudamos e no caminho às vezes nos desencontramos. É ruim na hora, mas pode ser bom depois.
Você está pensando em se afastar de alguém? Isso aqui pode te dar uma luz.
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Descarrego #26 | Parte pra próxima
Nem todo mundo melhora, amadurece, fica mais empático e sábio, vê o tempo passar como uma dádiva e começa a valorizar a vida.
Nem todo mundo.
Queria trazer outras notícias, mas de onde eu venho - uma mistura de Nárnia com Castelo Rá-tim-bum e Vanilla Sky - constatar que as pessoas podem involuir em vez de evoluir é uma baita evolução! Vir aqui e contar isso para minha base de leitores, então... libertador.
Comecei a notar que a essência fixa que amamos pensar ter é mais elástica do que parece, pelo menos para quem vê de fora.
As pessoas mudam, às vezes em poucos anos, às vezes de supetão, depois de um choque. Não é mera impressão. Bom, eventualmente até é, uma vez que também mudamos nossa cosmovisão conforme o relógio gira.
Junte a transformação de um com a do outro, e temos um desencontro bem onde um dia teve abraço, fogos de artifício, cumplicidade, planos.
Se há uma boa função de se casar, é aprender isso na prática. Um intensivão, mil drinks no paraíso, dois mil no inferno...
Nada como conviver intimamente com alguém para reparar nas miudezas que somem com os anos, nas manias que se instalam, no carinho que se esvai ou no brilho no olhar que vira sangue nos olhos.
Nada como conviver intimamente com alguém para reparar nas miudezas que somem com os anos, nas manias que se instalam, no carinho que se esvai ou no brilho no olhar que vira sangue nos olhos.
Uns demoram para se tocar das mudanças sutis e são pegos de surpresa com algum acontecimento ou atitude aparentemente improvável.
Outros vão sentindo a cortina fechar paulatinamente até as luzes se apagarem, os presentes se converterem em ausentes e não restar nenhuma possibilidade de final feliz.
Nas outras relações é tudo tão mais difuso.
Com uma quantidade menor de encontros e tanto ruído na vida de cada um, como saber se o outro continua a ser a pessoa que nos cativou?
Tenho para mim que aí só restam os sobressaltos para evidenciar a troca de pele do outro lado - e a descoberta que as novas peles não são mais compatíveis com as novas nossas.
Tem quem crie espinhos, tem quem ganhe uma casca fina demais. Tem de tudo.
Criamos novas peles, nem sempre compatíveis com quem convivíamos até então
Cabe também a nós decidir se queremos continuar entre tropeços e desencantos para comprovar aquela ponta de desconfiança, aquele estranhamento, ou simplesmente sair de cena.
"Mudar é inevitável. Melhorar não" , adoro essa frase que li num livro do psicólogo Benjamin Hardy porque ela escancara o que intuitivamente sabemos: idoso não fica santo porque vira idoso, as pessoas não passam a ser do bem só porque sofreram e muito menos o simples curso da vida é capaz de fazer aflorar o melhor de cada um.
Evolução pessoal envolve trabalho, escolha e - ah, certamente - uma porção de circunstâncias, o imponderável.
E o fato de você ter ido para uma direção e o coleguinha, outra, não quer dizer que a dele seja a errada. É apenas diferente da sua.
Haja sabedoria para encarar tudo isso sem maldizer ou se sentir traído, né?
A pessoa que escreve e a que lê este texto agora não serão exatamente as mesmas amanhã, nem depois, mesmo que pareçam para desatentos.
Quem fica na nossa história por mais tempo é porque mantém alguma liga conforme as águas rolam. O resto é forçar a amizade - e disso eu entendo. Justamente por já ter praticado bastante, recomendo que evite a prática. Não funciona, é autoengano, machuca, suga, culmina em dor ou raiva e rupturas dramáticas.
Nem sempre cabe drama, pra quê se a pessoa já foi, só não levou as malas?!
Que mudem, que vão. Que abram espaço para outros se aproximarem e também mudem aos poucos perto da gente.
De perene na vida, só a gente mesmo e olha lá, já que às vezes até a consciência pode nos escapar.
De perene na vida, só a gente mesmo e olha lá, já que às vezes até a consciência pode nos escapar.
Podemos pensarmos que passamos pela vida dos outros para deixar algo positivo e, assim que a missão estiver cumprida, estamos liberados para partir para a próxima sem tanto pesar.
Sempre penso isso, para casamentos, amizades, inimizades, ex-colegas...
Tá, avisei que frequento outros planetas. De onde eu venho, a gente passa a aceitar as mudanças e as partidas, mas dá a elas uma espécie de estrela na calçada da fama pessoal, para concretizar que ali jaz alguém que passou pela nossa existência e deixou uma marca.
E se for o caso, basta deixar a estrela lá e atravessar a rua.
Mudança e desconexão no Repertório
UMA SÉRIE
Cenas de um Casamento, da HBOMax
O clássico dos anos 1970 de Ingmar Bergman ganhou há alguns anos essa badalada releitura com Jessica Chastain e Oscar Isaac. A série está aqui recomendada porque trabalha de forma intimista e com alto teor psicológico o inferno gerado pela desconexão com o outro, a partir da mudança de si mesmo. Acompanhamos como a própria passagem do tempo tempo molda a percepção do casal e a personalidade de cada um e, em consequência, transforma de novo e de novo a relação.
UM LIVRO
Em sua obra mais conhecida, a autora nos conduz numa narrativa rica porém imbuída da tentativa de não poluir a memória sobre sua vida entrelaçada à de seu pai. Vemos o pai sob os olhos da filha, que hoje, em perspectiva, observa como a infância e a juventude moldaram a existência daquele homem e como ele foi mudando ao longo dos anos - não necessariamente evoluindo. Em paralelo, observamos a dor da autora e sua evolução, que faz observar o pai com novos contornos.
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Quem sabe a gente se entende ;-)
Eu e o que escrevo
Textos, indicações de repertório e erros são culpa minha mesmo, @brufioreti 🙂
Sou jornalista, especialista em branding pessoal e carreira multipotencial, tenho pós em Mkt Político, cursei coisas variadas, tipo Feminismo Pós-colonial, Neurociência, Psicologia da Popularidade e Positiva, Business Coaching e por aí vai.
Trabalhei em grandes veículos de imprensa por mais de 17 anos até começar a ensinar e mentorar mulheres na seara da marca pessoal no digital e no trabalho. Adoro autodidatismo e defendo cruzar repertórios pra nos destacar e abraçar nossos "desencaixes" nesse mundo cheio de gente enquadrada. Ensino isso prática em mentorias individuais, palestras, treinamentos em empresas e cursos.
Pra dividir com mais gente a minha escrita e as minhas ideias, faço esse Descarrego semanal! No insta, mostro outros lados meus também, porque a gente é muito mais que o que pensa, trabalha ou diz. É o que sente e faz sentir 😉
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Amei a news, Bru! E confesso que tenho um certo receio do que vou encontrar no Cenas de um Casamento, hehehe.