A morte é tão presente na nossa vida que mal nos damos conta.
Hoje, pensei na morte como as pequenezas que nos escapam, nos livram ou nos ensinam para que possamos ter o que lá na bíblia chamam de “vida, e vida em abundância”.
A palavra morte pesa tanto, né?
Mas, no fundo, nos dá uma baita perspectiva para valorizar a vida.
Das micromortes diárias à derradeira, temos muito a aprender.
Eu, aqui, humildemente divido minhas loucuras vívidas na cabeça, que morrem se eu não escrever.
Hoje, descarrego o que está aqui numa edição um tiquinho menor, por razões pessoais, mas não menos cheia de sentimento. Isso, jamais.
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Descarrego #23 | Mas esse ano eu não morro?
Quantas mortes couberam no intervalo de cada vez que você fechou os olhos e cantou, catártica: "ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro"? Contando só de 2020 pra cá, vai, pra facilitar…
Quantas noites o espírito abandonou um tiquinho corpo, deu um rolê sobrevoando a vizinhança para espairecer e voltou antes de você despertar respirando estranho numa segunda ranzinza? Essa é mais difícil calcular…
Mais fácil, então: após quantos piripaques físicos, emocionais e espirituais você se realinhou nos últimos anos para estar sentada aí onde está nesse exato momento?
De quantos acidentes, desencontros, pessoas e situações potencialmente malévolas se livrou no seu tempo de vida?
Fora os pequenos arranhões que sofreu sem saber que eles aconteceram para te livrar de ferimentos fatais… Ou você acha que não?
Eu acho de certa forma cômico, irônico mesmo, que as pequenas mortes sejam matéria da própria vida sem que a gente se dê conta.
A morte está sempre à espreita, mas não necessariamente munida de sua capa longa e seu cajado.
Às vezes a todo-poderosa só está rondando as existências para dar pílulas de sua sabedoria ancestral e nos mostrar a efemeridade de sua irmã gêmea inseparável, a vida.
Ela, a morte, caminha lentamente ao nosso lado mandando frios na espinha e desconfortos no pescoço para, quem sabe, entendermos que aquela estrada está redondamente errada, que estamos andando em círculos feito os heróis vintage de Caverna do Dragão.
Ah, como existem mestres dos magos por aí mandando sinais cifrados e equivocados... Por terem uma aparência mais palatável que a morte, eles nos enganam direitinho!
Não dá para reclamar, portanto, que a morte nos mate aos pouquinhos. Ela avisa, rodeia, nós é que não entendemos seus sinais!
Ela vem e comanda mortes morridas ou matadas, fatiadas ou fulminantes, mais ou menos literais - mas sempre chocantes, para sacudir e lembrar que cada dia é uma chance, a maioria desperdiçada com preocupações egóicas e trivialidades de fazer o pessoal do inferno e do céu corar.
Imagina a vergonha alheia dos anjos, caídos ou não, ao escutar nosso pensamentos mesquinhos? A pena misturada a riso ao nos assistir solenemente ignorar que o mundo é um moinho?
Dos arcanjos a Lúcifer, nossa estupidez deve render uma leva piadas e boas apostas...
Cada vez que a morte dá um pulo na nossa vida - penso cá com meus botões delirantes - nos dá a chance de vivenciar o mito da fênix, que renasce das cinzas mais forte até porque se deixou queimar.
Ano passado eu morri e esse ano já morri várias mortes pequenininhas.
Não sei contigo, mas aqui algumas pareceram mais agonizantes. Penso que as fênix já se queimaram muito e sentem a chama só de olhar para ela. Carregam(os) uma força, sim, mas uma força ultrassensível.
Quantas minimortes você teve? Quantas terá? Quantas se deixará ter?
Não dá para renascer sem (se) deixar morrer.
E digo mais: que opção temos diante dos mistérios da vida e de sua família misteriosa, que inclui a irmã morte?
Um dia está tudo bem, noutro estamos empacados no alto de uma roda gigante ou gritando num carro desgovernado despencando morro abaixo.
Num dia morremos, noutro vivemos.
Quando entendemos que um não existe um sem o outro (é o que devem chamar por aí de maturidade), nos deixamos chamuscar e morrer sem espernear e até nos jogamos na fogueira.
É quando sabemos que só com as pequenas mortes se criam grandes vidas.
Tristezas a alegrias; fraquezas e forças; chamas e águas… As dicotomias nos guiam, siamesas, com ou sem nosso aval.
Só nos resta clamar: vida, pisa devagar.
Ou: até que a morte nos separe de vez, ei, vida, sempre peça para eu voltar.
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Quem sabe a gente se entende ;-)
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Sou jornalista, especialista em branding pessoal e carreira multipotencial, tenho pós em Mkt Político, cursei coisas variadas, tipo Feminismo Pós-colonial, Neurociência, Psicologia da Popularidade e Positiva, Business Coaching e por aí vai.
Trabalhei em grandes veículos de imprensa por mais de 17 anos até começar a ensinar e mentorar mulheres na seara da marca pessoal no digital e no trabalho. Adoro autodidatismo e defendo cruzar repertórios pra nos destacar e abraçar nossos "desencaixes" nesse mundo cheio de gente enquadrada. Ensino isso prática em mentorias individuais, palestras, treinamentos em empresas e cursos.
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