Você anda muito ocupada?
Deixe-me reformular: você anda ocupada demais para pensar no sentido das coisas, em fazer alguma escolha que te faça se sentir livre? Está sem tempo para brincar? Para apenas "ser"?
Eu acredito em você.
Ainda assim, venho aqui te cutucar e te lembrar do que é importante... pra você.
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Descarrego #15 | Tá sem tempo?
Se você não escolher o que é prioridade, a vida vai escolher por você.
As outras pessoas vão fazê-lo.
Quer dizer, o sistema sob o qual vivemos, os ditames que nos são bombardeados todo santo dia desde crianças sobre o que é certo e errado, os amigos, os inimigos, as contas, o marido, a mulher, o cara da loja, a mina da televisão, até eu...
Tudo vai escolher por você.
Se você não escolhe, tudo e todos vão escolher por você
A falácia da escolha nos acompanha e, quando nos dispomos a filosofar, entramos rapidamente em parafuso ou saímos de fininho antes que fique claro que escolhemos muito pouco das grandes e pequenas coisas da nossa vida.
Ao pensar direitinho, constatamos que quase tudo parece previamente escolhido por nós, e é reconfortante não precisar deliberar sobre absolutamente tudo, convenhamos. O dia é corrido, a cabeça anda cheia, lotada, saturada mesmo.
A gente meio sem querer já vai soltando o clássico "eu não tenho tempo" para qualquer tentativa de aprofundar um tema, fazer algo "inútil", quebrar o esperado...
Não querer pensar demais é algo característico de uma série de gerações que convivem hoje com um mundo aparentemente mais veloz que suas sinapses.
Esvaziar a mente e viver a vida, seja lá o que isso queira dizer: um sonho comum a todos.
Acontece que no vão entre aquilo sobre o qual não temos nenhum controle e as coisas que podemos escolher completamente existe uma margem para buscar fazer essa existência valer a pena.
Um hiato em que as escolhas de cada dia mudam miudezas.
Miudezas que, juntas, provocam transformações grandiosas.
Pequenas grandes revoluções.
Escolhas mudam miudezas. Miudezas que, juntas, provocam transformações grandiosas
Não paramos tanto para pensar nisso, porque dói encarar o que as nossas “não decisões” provocaram.
Mas essa conta chega. Para uns mais cedo, numa crise aos 30 e poucos, 40; para outros, depois da aposentadoria. Mas chega.
Como acordar todo dia olhando no retrovisor para uma existência domada, sem algo que ao menos dê a saborosa ilusão de "razão de ser"?
Não há travesseiro que preencha uma existência vazia. Uma não existência, a sensação dela...
Não há travesseiro que preencha uma existência vazia
O "eu oco" que acorda, trabalha, cumpre os deveres, escolhe o papel social e dorme. Aquele que se esqueceu de gargalhar, inclusive no trabalho, de olhar a chuva, jogar tudo para o alto, fazer aquele projeto dos sonhos, ver o filho dormir, cozinhar a própria comida, tomar um banho de cachoeira gelado.
Todos fazemos isso, entramos nessa toada.
Escapar dessa roda viva é raro e requer uma coragem raríssima. Mas, de novo, há um vão com o qual lidar, uma ponte fina e quebradiça que leva ao lado de lá, onde moram realizações, sonhos e principalmente as besteirinhas que a gente chama de presente, de agora.
As brincadeiras de gente grande, que nos fazem perder o fôlego de rir ou apenas sorrir serenamente por dentro. Satisfação à la carte, cotidiana, mas só disponível para quem está ali.
Ali, bem onde aflora a sensação de ser livre, ainda que por uns minutos ou umas horas. Uma plenitude que nos tira do constante agito, que turva o pensar preocupado e nos permite apenas ser.
Já sentiu isso?
É volátil como uma pluma que flutua devagar e rápido ao mesmo tempo, que nos escapa num suspiro, no entanto congela o tempo enquanto dança graciosamente aos nossos olhos. Simples, leve…
Há muito tempo nos convenceram de que esses “momentos de pluma” são supérfluos, e desde então muitos de nós passamos a ter culpa por apenas curtir essa brisa.
Nos convenceram de que os momentos pueris, banais, que chamo de “momentos pluma”, são supérfluos e passamos a ter culpa por curtir essa brisa
Uns fecharam a porta e trancafiaram com cadeado para impedir que esses momentos chegassem.
Outros acharam que precisavam, então, "fazer valer" até essas horas feitas para o simples ser e levaram-nas para o âmbito do parecer. Capitalizaram os instantes.
São aqueles que colocaram um cifrão em cada segundo, como se o tempo fosse mesmo comprável, exato, e não algo da categoria que nos confunde o entendimento.
Você tem o hoje, corrijo, você só tem o agora.
O resto é bônus e não vem em dinheiro vivo; é mais como um crédito de vida para usar sem saber qual o saldo na conta nem qual o melhor negócio a apostar.
Temos o agora apenas. O resto é bônus e não vem em dinheiro. É mais como um crédito de vida cujo saldo você não sabe qual é
Como gastar esse tempo que nos é presenteado?
Não valeria menos complicação e mais contemplação?
Menos ganância e competição e mais diversão e experimentação?
A vida não tem fórmula; o que tem é uma porção de formulações de pessoas, sábias ou não, ao longo da História tentando decifrar como fazer dela a melhor possível, achar sentido para ela, entender seus propósitos individuais e coletivos.
O que é aproveitar a vida?
Uma bela parcela dessa resposta depende de ver as plumas e congelar o tempo para sentir essa resposta. E só então pensar, porque em geral dá para sacudir as prioridades se a gente tentar um tiquinho mais.
Você merece desfrutar cada minuto não só "estando", mas "sendo" também.
Tem uma baita diferença.
Quer ouvir esse texto?
Clica a seguir para ouvir a versão desse texto narrada por mim...
O presente e suas plumas no Repertório
UM VÍDEO
Aquele minuto de sabedoria: oferecimento de Pepe Mujica, que circula na internet e dá um alento. Foram suas palavras que inspiraram esse texto.
UM LIVRO
"Felicidade por Acaso", de Daniel Gilbert, começa com a frase "o que você faria neste exato momento se soubesse que iria morrer em dez minutos?" e segue com reflexões sobre o que é de fato felicidade, tecnicamente, usando estudos de neurociência e ideias para equilibrar melhor a vida e buscar ser feliz, usando a capacidade incrível que o cérebro humano tem de imaginar, sua subjetividade e seus vieses.
UM FILME
Você pode assistir a "Spencer", disponível na Prime Video, porque gosta de histórias inspiradas em personagens reais, tem uma fissura por saber da família real (zero meu caso) ou simplesmente para contemplar a atuação excelente de Kirsten Stewart como a princesa Diana. Porém, eu proponho aqui mergulhar na sensação de sufocamento que o longa provoca em cada cena, do início ao fim, e a busca de Lady Di, já em plena crise no casamento, por aproveitar as deixas de liberdade para se permitir ilusões, deleites e banalidades das quais é cerceada. Daqueles filmes que dão uma boa contribuição para pensar no que é ser livre, no que nos impede de viver plenamente e nas prisões que muitas vezes nós criamos para nós mesmos.
Reticências
Mais não é necessariamente mais do que menos... às vezes é uma coisa diferente de menos.
Ninguém é capaz de se sentir bem com relação a um futuro imaginário quando está ocupado sentindo-se péssimo por conta do presente real.
Daniel Gilbert
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Quem sabe a gente se entende ;-)
Eu e o que escrevo
Textos, indicações de repertório e erros são culpa minha mesmo, @brufioreti 🙂
Sou jornalista, especialista em branding pessoal e carreira multipotencial, tenho pós em Mkt Político, cursei coisas variadas, tipo Feminismo Pós-colonial, Neurociência, Psicologia da Popularidade e Positiva, Business Coaching e por aí vai.
Trabalhei em grandes veículos de imprensa por mais de 17 anos até começar a ensinar e mentorar mulheres na seara da marca pessoal no digital e no trabalho. Adoro autodidatismo e defendo cruzar repertórios pra nos destacar e abraçar nossos "desencaixes" nesse mundo cheio de gente enquadrada. Ensino isso prática em palestras, business coaching, treinamentos em empresas e numa mentoria bem seleta chamada Desencaixa.
Pra dividir com mais gente a minha escrita e as minhas ideias, faço esse Descarrego semanal! No insta, mostro outros lados meus também, porque a gente é muito mais que o que pensa, trabalha ou diz. É o que sente e faz sentir 😉
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"Escolha a sua prioridade, ou alguém fará isso por você" devia ser repetido de 6h em 6h como um medicamento, pelo menos pra mim.
Adoro os textos, como sempre, Bru!